HOMEM É GOVERNADOR OU MINISTRO?

O governador (escolhido e não eleito) Manuel Homem afirma com uma precisão milimétrica que a província de Luanda necessita (nem mais nem menos) de 4.898 professores para o ensino geral, para permitir a inserção de um milhão de crianças que se encontram fora do sistema de ensino. A nível nacional são cinco milhões.

Segundo o governador, que falava na cerimónia de juramento de 855 novos professores, a província de Luanda conta com 28.122 docentes, número insuficiente para cobrir a demanda.

Para colmatar a situação, Manuel Homem fez saber que o Executivo vai continuar a admitir quadros no sector da Educação, lembrando que em 2018 foram admitidos 2.650 professores, em 2019 mais de 130 e em 2020 e 2021, na primeira e segunda fases, 810 docentes, para além dos 699 auxiliares de limpeza, que foram imediatamente enquadrados nas escolas da província.

“Apesar do quadro apresentado ser de crescimento, ainda temos desafios, sobretudo a necessidade de mais 4.898 professores. O Executivo tem vindo a envidar esforços face à conjuntura económica para manter regulares os concursos públicos, daí o nosso apelo no sentido de evitarem as más práticas que ainda enfermam o nosso sistema. Sejam exemplos de mudança e transmitam apenas valores”, salientou. Se calhar também dava jeito transmitir conhecimentos. Ou não?

Na ocasião, a professora Euridice Safeca manifestou-se satisfeita por ingressar na função pública, comprometendo-se em trabalhar com empenho e dedicação em prol da melhoria da qualidade do sistema de ensino.

“É um sonho realizado, pois consegui o primeiro emprego. Prometo dar o meu contributo em prol de um ensino de qualidade”, acrescentou.

Durante o acto, fizeram juramento (presume-se que patriótico) 728 professores do ensino primário e 127 do segundo ciclo, admitidos no concurso público de 2023.

A província de Luanda conta um universo de 4.302 escolas de diferentes níveis de ensino, sendo 792 públicas e 3.510 privadas, para mais de 119.000 alunos, dos quais 20.344 ingressaram pela primeira no sistema de ensino.

Recorde-se que a ministra da Educação, Luísa Grilo, admitiu, no passado dia 2, na cidade do Cuito, província do Bié, que o sector precisa de mais professores e com a qualificação desejada, apesar do número de quadros crescer substancialmente ano após ano, com a realização de concursos públicos de ingresso.

A governante discursava na abertura do II Conselho Consultivo do Ministério da Educação (MED), que decorreu sob o lema: “Os professores de que precisamos para a educação que queremos – O imperativo global para inverter a escassez de professores”.

Sem precisar (se calhar a ministra deveria ter “consultado” o governador de Luanda…) o número de professores necessários, Luísa Grilo disse que a escassez de professores e com as valências desejadas é uma realidade global que impõe o recrutamento de novos quadros, exercício que tem sido realizado com alguma regularidade, com o objectivo de se reduzir o défice actual.

Entretanto, referiu que, tal como noutros países, Angola tem enfrentado o desafio de acolher no seu sistema de educação e ensino bons quadros com a formação técnica e sólida e que, em alguns casos, não têm, infelizmente, a devida formação específica da função de docência.

Para se mudar a situação, continuou, impõe-se a necessidade de se solidificar o sistema de qualificação e agregação pedagógica dos mesmos técnicos, no sentido de se integrarem adequadamente e responder efectivamente às exigências do sistema de educação e ensino e à demanda da sociedade em geral.

Nesta conformidade, informou que o Governo definiu como prioridade, para 2023-2027, a implementação da política de formação e gestão do pessoal docente, que passa pela sua formação, através de cursos de mestrado em metodologias específicas de ensino pré-escolar e primário, língua portuguesa, matemática e ciências do ensino secundário.

De acordo com a ministra, o plano prevê, igualmente, a transição da formação dos professores do ensino secundário para o ensino superior e do plano de formação de quadro técnicos das escolas de magistério, reforço das competências de supervisão pedagógicas dos gestores das escolas, desenvolvimento de cursos de pós-graduação para melhorar o nível académico dos professores e implementação de mecanismos de avaliação da qualidade de ensino nas instituições de formação de professores.

Todavia, reconheceu, por outro lado, que o bom desempenho dos docentes não depende apenas das suas competências técnicas, académicas e científicas, havendo a necessidade de se investir noutras áreas afins, para responder e corresponder às necessidades actuais da sociedade.

Para o efeito, referiu que o sector que dirige está a levar a cabo o programa de Transformação Curricular (PROTC-Angola: 2023-2027), que visa apostar na melhoria da qualidade de ensino, uma perspectiva sistemática, que inclui os planos de estudos, os programas, ao manuais escolares, os cadernos de actividades, os guias do professor e os materiais de suporte ao sistema nacional de avaliação das aprendizagens.

Deste modo, acrescentou, pretende-se que os alunos tenham as competências básicas de leitura escrita e cálculo nos níveis certos.

Ao longo do seu discurso, Luísa Grilo apelou aos directores provinciais para trabalharem com os gestores escolares, para assumirem, com rigor, a sua responsabilidade em relação à política pedagógica.

Para a ministra, os gestores do sistema de educação e ensino, nos seus diversos níveis, devem ter a consideração que não são chamados a cumprir apenas uma função administrativa, pois a pedagogia constitui a base e a razão primária da missão educativa e a chave principal para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem.

Nesta conformidade, considerou imperioso que os mesmos acompanhem, supervisionem e apoiem os professores nos processos de planificação das aulas e actividades lectivas, com base no currículo, de avaliação das aprendizagem e de todas tarefas afins.

A ministra da Educação referiu também que a visão do Governo em relação ao sistema de educação e ensino continua a girar em torno da sua expansão e modernização, o que implica a promoção da massificação do acesso a todos os níveis de ensino, alargando a rede escolar pública, no sentido de aumentar as taxas de escolarização.

Para o efeito, fez saber que foram disponibilizados, no ano lectivo 2023/2024, mais de mil novas escolas, elevando para uma rede escolar de cerca de 13 mil estabelecimentos, para atender uma população estudantil de mais de nove milhões de alunos dos níveis pré-escolares, primário e secundário.

Para além disso, disse que o ministério continua a apostar na educação digital e no aumento dos níveis de literacia, por constituir uma ferramenta indispensável para o aumento do acesso ao ensino à larga escala, a promoção dos recursos humanos e o reforço da competitividade do capital humano.

O Presidente da República, João Lourenço, exigiu em Junho de 2020 mais qualidade no ensino e considerou a formação do homem como uma aposta para “corrigir muitas deficiências” que o sector enfrenta.

Antes de o MPLA ter comprado aos comunistas portugueses a nossa terra, nós os angolanos (negros, mulatos, brancos etc.) tínhamos orgulho de sermos angolanos e sermos dos melhores, em muitas coisas éramos mesmo os melhores do então do todo poderoso Império português, o tal que ia do Minho a Timor.

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